Uma Metáfora do Caminho Interior



Imagine que somos mergulhadores em busca de uma Pérola nas profundezas do mar. Nós mergulhamos no oceano, em busca dessa Pérola única. Mergulhar no oceano é perigoso, uma vez que podemos nos perder ou afundar tanto que não conseguimos respirar. Ainda assim, parece que chega um momento na vida de cada um de nós onde o único caminho a se fazer é esse. Olhamos para trás e… continuamos mergulhando neste oceano, um caminho de autoconhecimento que irá nos levar a reconhecer e enxergar a tal Pérola, a luz que realmente somos. Porém, antes que consigamos encontrá-la de fato, é comum nos depararmos com uma enorme sombra e escuridão. Poderemos até  pensar que estamos andando para trás em nosso processo de autodescobrimento, mas estamos dando um passo importante para a frente. Este mergulho nos permitirá ficar íntimos do mecanismo que alimenta nossos pensamentos e sentimentos sombrios, possuindo seu principal núcleo motivador no medo. Essa parte do trecho pode se tornar um tanto quanto inapreciável, se o mergulhador  não estiver psicologicamente fortalecido.  Para se aperceber de níveis cada vez mais profundos de dor interna, isso irá requerer uma postura de honestidade consigo, que em outras palavras significa admitir sem disfarces a própria vulnerabilidade. Caso a estrutura psíquica do mergulhador esteja frágil, um mergulho profundo como esse, ao invés de anunciar o enriquecimento de sua personalidade por multifacetar-se com o surgimento de novos aspectos, pode se tornar insuportável, fazendo com que as descobertas feitas com relação à escuridão sejam vividas como violência e provoquem o desmoronamento do frágil edifício em que se abriga a personalidade. Portanto, e antes de tudo, considero necessário dar consistência psíquica à nossa humanidade.


Jonas e a Baleia


Há uma história biblica que fala sobre Jonas ter sido engolido por uma baleia. Essa história simboliza o momento em que o mergulhador fica frente a frente com a sua própria escuridão. E o que Jonas faz na história? Ele chamou por Deus, a Divina Presença Eu Sou, da qual somos parte. Esse chamado é feito com base na fé, que em outras palavras significa confiança. Esse "combustível" misterioso é o que fortalece psiquicamente o mergulhador. O conhecimento que Saint Germain nos dá funciona como uma "bomba de combustível", onde podemos abastecer nossa fé, de modo que permita ao mergulhador manter-se em contato estreito com a Poderosa Presença Eu Sou. Assim, vamos adquirindo consciência de que somos parte Dela. Ela é a Fonte da nossa existência. Neste momento em que eu lhe falo, só é possível fazer isso porque estou usando a energia que Ela me provê. Você só está me ouvindo porque Ela lhe provê energia para tal. Ela está constantemente nos fortalecendo com Sua Energia.  Por isso, para o mergulhador se fortalecer psiquicamente, a fim de encarar as forças da escuridão que habitam o seu inconsciente, necessitará da conscientização dessa Companhia Amorosa e Toda abrangente da qual somos parte. Esse é o aspecto do fortalecimento psíquico que considero indispensável. Agora, junto a isso vem a mudança da percepção com relação ao significado da escuridão. A mudança de percepção requerida aqui é tão fundamental quanto o próprio equipamento que permite ao mergulhador enxergar e respirar debaixo d'água. Fora d'água, o mergulhador foi treinado pelo mundo externo a enxergar sua própria sombra e escuridão com os óculos do julgamento. Porém, dentro d'água, ele precisará tirar esses óculos e resignificar o termo escuridão para o de Criança Interior, visando o abandono do julgamento como condição precípua para acolher e amar todas as partes do seu ser. Essa atitude de "não julgamento", possuirá um efeito curativo, já que o não-julgamento também significa ausência de luta, de esforço ou resistência, e é a principal ferramenta e força governadora para superar o antigo e o velho. Ela, por exemplo, não o levará à depressão, ansiedade e culpa, ao descobrir onde está em falta com relação aos ideais que almeja. Essa mudança de percepção inspira a explorar o que verdadeiramente sentimos, em vez daquilo que se supõe que deveríamos sentir. Isso, de imediato, recupera nossa espontaneidade e integridade, permitindo à nossa Criança Interior novamente querer brincar e se divertir, explorar a vida e cantar a canção única e exclusiva de sua alma. Porém, é só uma parte do caminho. Na medida em que vamos aprendendo a assumir, com a mais alta compaixão, a responsabilidade pelas emoções que sentimos, examinando-as e seguindo-as de volta à sua fonte, a chamada zona das necessidades, entramos em contato com o âmago da nossa vulnerabilidade, que só existe devido ao medo. O medo é o motivador de sua existência. O medo é a dor e o sofrimento que a nossa Criança Interior sente de estar separada e perdida, acreditando, talvez, que nunca mais irá encontrar o Amor e a Felicidade. Ao compreendermos isso, todos os julgamentos e estereótipos que poderiam existir até aqui caem por terra. Um verdadeiro chamado para voltarmos ao Lar é ouvido, quando descobrimos que não somos pessoas más ou ruins, apenas com medo . A volta ao Lar é o perfume balsâmico do acolhimento que damos às nossas feridas. O Lar é o símbolo da salvação. A Salvação é o sinônimo de autoconsciência. Autoconsciência significa perceber que "Eu Sou o Amor de Deus, envolvendo minha dor e curando-a". Eu não sou mais uma ovelhinha perdida de Deus. "Eu Sou a Porta Aberta do Amor Incondicional em minha vida, que envolve, cura, proteja e sustenta minha criança interior ferida, há muito tempo perdida e agora encontrada". Retornar aos braços amorosos e gentis da Divina e Poderosa Presença Eu Sou, irá trazer clareza, consciência e transparência às estruturas invisíveis de pensamento e sentimento que por tanto tempo moldaram as nossas vidas, de modo a nos libertar de todas as desilusões e ilusões que nos tiram o poder de autodecisão. E isso só é possível pela coragem e honestidade que o mergulhador teve para atravessar sua própria sombra e escuridão, ao invés de contorná-la, encontrando, assim, a almejada Pérola.


Tiago Bueno

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